Na fronteira do conhecimento, a startup brasileira Vyro Biotherapeutics desenvolve vírus oncolíticos ou, em outras palavras, vírus que atacam o câncer para combater tumores do sistema nervoso central em adultos e crianças. No ano passado ganhou o reconhecimento como uma das "100 startups to Watch" pela revista Pequenas Empresas e Grande Negócios e foi selecionada entre as 5 startups mais promissoras do Brasil na área de biotech pela Labiotech, canal europeu especializado em Biotecnologia. Além disso, faz parte do portfólio de startups investidas pela Vesper Ventures.
Conversamos com Dr. Carolini Kaid, cientista com mais de 10 anos de experiência em pesquisa na área de biologia e genética do câncer e que atua como cofundadora e diretora científica da Vyro Biotherapeutics.
Como surgiu a ideia de criar a startup?
A Vyro surgiu de um problema que busco a solução há mais de 10 anos: encontrar uma terapia efetiva para tumores cerebrais pediátricos. Esses tumores afetam crianças de 0-4 anos, e as terapias convencionais não funcionam. São poucos os sobreviventes, e mesmo os que sobrevivem apresentam efeitos colaterais da quimio e radioterapia, afetando diretamente a qualidade de vida. Por causa da terapia agressiva, muitos dos sobreviventes não conseguem andar, perdem a fala, entre outros problemas.
Desde o mestrado busco encontrar terapias alternativas, através da ciência, que possam dar esperança para esses pacientes. Durante o doutorado, tive a grande descoberta do poder destrutivo do vírus Zika contra esses tumores. A Vyro surgiu como um meio para transformar essa descoberta em produto terapêutico, com potencial de beneficiar não só os pacientes pediátricos, como também os adultos com tumores cerebrais.
Quais foram as maiores dificuldades que você e sua equipe encontraram?
As maiores dificuldades é estabelecer uma empresa de biotecnologia no Brasil, cuja cultura na área está apenas começando. Portanto enfrentamos problemas de demora na importação de produtos, ausência de estruturas laboratoriais e prestação de serviços, e principalmente falta de investimento na área de Biotec. Por isso a Vesper, primeiro fundo de investimento especializado em biotec, foi uma “coca-cola no deserto” e viabilizou o avanço da empresa no deserto do Brasil.
O que vocês já conquistaram nessa jornada?
Até o momento já conquistamos:
Primeira rodada de investimento com a Vesper Ventures
Submissão de 2 patentes no USPTO dos EUA
Produção do nosso primeiro vírus sintético mais seguro, incapaz de infectar e causar dano em células normais.
Em qual estágio a Vyro está, do ponto de vista de investimento e de mercado?
Já temos o nosso candidato líder, e precisamos produzir a droga em condições limpas (GMP), para isso iniciaremos nossa segunda rodada de investimento (Series A) no início do ano que vem (2023).
Quais soluções você está trabalhando agora?
Utilizando diversas técnicas de engenharia genética, nós estamos desenvolvendo uma versão modificada do vírus da Zika para utilizá-lo como ferramenta no tratamento de tumores incuráveis e como vetor viral para terapia gênica.
Quais oportunidades você enxerga para o Brasil em relação à Biotecnologia?
As oportunidades são infinitas, visto que a Biotecnologia ainda está pouco estabelecida no país ainda. Oportunidades de novas empresas, incubadoras e fundos de investimento. Além disso, os pesquisadores brasileiros são os melhores do mundo. Temos pessoas especializadas, falta dinheiro investido e corajosos para desbravar o terreno fértil.
Esta entrevista foi conduzida com Dr. Carolini Kaid, cofundadora e diretora científica da Vyro Biotherapeutic. Caso tenha interesse em saber mais sobre a startups, acesse o site.
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